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SAUDAÇÕES PALESTRINAS

"A vida é uma carroça!"

15 de fev. de 2010

Ter o que dizer!

Durante essa semana passada, acompanhei os pronunciamentos da Ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff. Entre tantos outros, destaquei a defesa da presença forte do Estado na economia. Com entusiasmo, observei sua habilidade na construção de um novo diálogo do poder político com o sistema do capital. Com ela, senti a possibilidade de uma presença maior do Estado em sua relação com o mercado. Em seu projeto de governo, o Brasil encontrará um novo caminho na distribuição de sua riqueza social, a emancipação política e econômica de nossa Pátria. E Dilma falou confiante: “Mas definitivamente não estamos na fase neoliberal, aquela em que todo mundo achava que o Estado dava conta de tudo. Achamos que o Estado tem de ter uma presença clara na economia [...] Como é que a gente vai fazer moradia para todos os brasileiros que ganham até três, quatro salários mínimos, sem subsídio”? Firme e sem medo, a ministra sinalizou a priorização do Estado e a união entre si, nestes termos: "o setor privado não pode abrir mão do Estado[...] É a combinação que faz o Brasil sair da situação que estava em 2003 para sermos cotados hoje para ser a quinta potência."Nessa linha, as sábias e coerentes palavras da Dilma reportam o filósofo Fernando Braudel que escreve: “O Capitalismo só tem êxito quando começa a ser identificado com o Estado, quando é ele o próprio Estado”. Assim também, com Jean-Jacques Rousseau - “a sociedade de mercado consome a substância do Estado” -, sociedade essa como do modo capitalista de reprodução da riqueza social. Conforme pensa Marx, abre caminho à “emancipação social” do homem [...]“a necessidade de um mercado constantemente em expansão que impele a burguesia invadir todo o globo”.
Realidade efetiva e ativa da riqueza pós-moderna, o capitalismo, porém, desvela processo limitado e contraditório. Indispensável para a existência concreta da riqueza social no mundo de hoje, a mediação capitalista, contudo, corrói. Dilui-se. A ganância do lucro conduz fatalmente à crise. E cai numa contradição mais grave da história. Cria políticas e tecnologias responsáveis pelo genocídio da natureza e exclusão do homem do seu ecossistema natural e urbana.Nesse fio, priorizar o Estado como programa de governo significa um mundo político e econômico possível. Um Brasil mais humano: projeto de emancipação humana a partir das condições materiais e espirituais do atual processo do Governo Lula.Essa possibilidade de produção de um novo discurso pedagógico se concretizará quando o homem desfrutar do trabalho como desenvolvimento de “suas forças físicas e espirituais”, no controle do processo social em suas relações reais de existência. Defendi essa realidade em minha tese de Doutorado em Filosofia Política na UNICAMP/SP, clique aqui < biblioteca digital da unicamp.>
Esse novo Estado e essa nova economia é possível quando surgirem relações práticas com a produção de bens coletivos, sejam materiais, sejam espirituais, de relações sociais entre os homens e não relações entre mercadorias, entre coisas, e em benefícios de todos.Só então “dentro da comunidade terá cada indivíduo os meios de cultivar seus dotes e possibilidades em todos os sentidos” (MARX) É a nossa cidadania a ser realizada e regida pelo trabalho.http://www.orecado.org/?p=274> indico aqui, alguns tópicos para um novo diálogo filosófico com os comentaristas desta página, a seguir.
I – Existem no interior do mundo moderno, dois projetos. O projeto de emancipação política mediada pela democracia, mas intrinsecamente limitado e parcial. De outro, o projeto de emancipação humano-social, regido pelo trabalho, que abre horizontes ilimitados.
II – Dois projetos humanos que expressam uma nova postura dos dias de hoje, relação entre o homem e as realidades existenciais; do ser histórico produzido pela sociedade. De tempos modernos da atividade humana; da consciência de sua capacidade de conhecer, preservar e transformar a natureza e a sociedade. De o homem mudar suas condições de vida e situar-se de modo diferente nas relações sociais.
III - Dentro do processo econômico e político da história humana, o capitalismo viu abertas diante de si, as portas para um desenvolvimento extraordinário das forças produtivas e para a configuração de uma ordem social à sua imagem e semelhança. Contudo, isto significou - como foi muito bem expresso pelo lema positivista “ordem e progresso” -, que o desenvolvimento da humanidade, daí para diante, se faria tendo por base a propriedade privada e, portanto, a continuidade da exploração do homem pelo homem.
IV – Enquanto isso, o pleno desenvolvimento do mundo moderno seria, todavia, a superação do mundo regido pelo capital e sua substituição por um mundo regido pelo trabalho, ou seja, pela associação de homens livres que trabalham para viver e não vivem para trabalhar. E com isso, o homem se realizará.
V – Isso está ainda para acontecer. O chamado primeiro mundo – hoje o G-8 – é conservador, reacionário. Representa a decadência – lógica do projeto do capitalismo selvagem -, a ganância do lucro em detrimento da riqueza social. Nesse sistema, ainda não se constituiu uma forma de sociabilidade, onde o desenvolvimento das forças produtivas não atendeu as necessidades de todos, nem o trabalho chegou a ser um processo social para o uso comum dos bens.
VI – A emancipação humano-social será possível. Isso acontecerá com a destinação originária de todos os bens e produtos do trabalho humano para a felicidade de todos. Será o tempo em que os homens construirão uma forma de sociabilidade, capaz de superar o capital, a propriedade não-social e o Estado. E o homem conquistará a sua Humanidade.

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