Início. Notícias. Humor. Ciência. Política



SAUDAÇÕES PALESTRINAS

"A vida é uma carroça!"
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Brasil. Mostrar todas as postagens

21 de jul. de 2010

O real da miséria e a miséria do Real




Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995). Os números desmentem categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos. O artigo é de Antônio Lassance.

Antonio Lassance (*), na Carta Maior, em 20.07.2010

O gráfico acima merece ser emoldurado. Ele representa os avanços que o Brasil alcançou até o momento na luta pela redução da miséria.

Antes de mais nada, é preciso dar os devidos créditos. O gráfico tem como base os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), colhidos, organizados e divulgados pelo IBGE. São sistematicamente trabalhados pelo IPEA, que tem grandes estudiosos sobre o tema da pobreza, assim como pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas-RJ.

Graças a esses estudos se pode, hoje, visualizar se estamos avançando ou retrocedendo; se o Brasil está resgatando seus pobres ou produzindo quantidades cada vez maiores de pessoas que ganham menos que o estritamente necessário para sobreviver; gente que se encontra sob situação de insegurança e vulnerabilidade.

Os números e a trajetória que os liga permitem não só uma fotografia da miséria, mas também um retrato do que os governos fizeram a esse respeito. Serve até de exame para um diagnóstico do bem estar ou do mal estar que as políticas econômicas podem causar à nossa sociedade.

Descritivamente: esta linha sinuosa decresce em ritmo forte em 1994 e 1995, quando estaciona. Depois de 1995, a queda deixa de ter continuidade e, salvo pequenas oscilações, os patamares de miséria ficam estáveis pelos sete anos seguintes, até 2002. Depois de 2003, ocorre uma nova trajetória descendente e, desta vez, sustentada, pois se mantém em queda ao longo de sete anos.

Na trajetória dos últimos 18 anos, só o governo Lula reduziu a pobreza de forma contínua e acentuada. Itamar e FHC tiveram, cada qual, apenas 1 ano de efetiva redução da pobreza: Itamar (que teve pouco mais de 2 anos de governo), em seu último ano (1994), e FHC, em seu primeiro ano (1995).
O gráfico desmente categoricamente a afirmação de que a miséria e as desigualdades no Brasil vêm caindo “desde o Plano Real”, como é comum encontrar inclusive entre analistas econômicos, principalmente aqueles que são mais entusiastas do que analistas e, a cada 5 anos, comemoram o aniversário do plano como se fosse alguém da família.

O Plano Real conseguiu reduzir a miséria apenas pelo efeito imediato e inicial de retirar do cenário econômico aquilo que é conhecido como “imposto inflacionário”: o desconto compulsório, que afeta sobretudo as camadas mais pobres, ao devorar seus rendimentos. Retirar a inflação do meio do caminho foi importante, mas insuficiente.

No governo FHC, a miséria alcançou um ponto de estagnação. Uma estagnação perversa, que deu origem, por exemplo, à teoria segundo a qual muitos brasileiros seriam “inimpregáveis”. Para o discurso oficial, o problema da miséria entre uma parte dos brasileiros estaria, imaginem, nos próprios brasileiros. A expressão era um claro sinônimo de “imprestáveis”: pessoas que não tinham lugar no crescimento pífio daqueles 8 anos. Era um recado a milhões de pessoas, do tipo: “não há nada que o governo possa fazer por vocês”. “Se virem!”

O governo Lula iniciou uma nova curva descendente da miséria no Brasil e a intensificou. Sua trajetória inicial foi mais íngrime do que a verificada no início do Plano Real e, mais importante, ela se manteve em declínio ao longo do tempo. Por trás dos números e da linha torta, está o regate de milhões de brasileiros.

A razão que explica essa trajetória está no conjunto de políticas sociais implementadas por Lula, como o Fome Zero, o Bolsa Família, a bancarização e os programas da agricultura familiar, além da melhoria e ampliação da cobertura da Previdência.

No campo econômico, além de proteger as camadas sociais mais pobres da volta do imposto inflacionário (estabilidade macroeconômica), houve uma política sistemática de elevação do salário mínimo e, a partir de 2004, patamares mais significativos de crescimento econômico, com destaque nas regiões mais pobres, que cresceram em ritmo superior à média nacional – em alguns casos, superior ao ritmo chinês.

O governo FHC, sem políticas sociais robustas e integradas e com índices sofríveis de crescimento econômico, exibiu uma perversa estabilidade da miséria. Se lembrarmos bem, ao final de seu mandato, a economia projetava inflação de dois dígitos, os juros (Selic) superavam os 21% ao ano (haviam batido em 44,95% em 1999), a crise da desvalorização cambial fizera o dólar disparar, as reservas estavam zeradas e o País precisara do FMI como avalista. Por isso se pode dizer que a característica principal do Governo FHC não foi propriamente a estabilidade macroeconômica. Foi o ajuste fiscal e a estabilidade da miséria.

Por sua vez, a tríade crescimento, estabilidade e redução da miséria, prometida por Lula na campanha de 2002, aconteceu. Se alguém tinha alguma dúvida, aí está a prova.

(*) Antonio Lassance é pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e professor de Ciência Política.

12 de jul. de 2010

Industrialização versus vocação agrícola

A luta pela industrialização do Brasil enfrentou a elite agromercantil exportadora, aliada do imperialismo, que sempre defendeu a tese da “vocação agrícola” do Brasil, contrária à produção local de bens industriais.

Por José Carlos Ruy do Vermelho
A luta pela industrialização do Brasil é muito antiga. Ela vem desde o final do período colonial quando, em 1785, a rainha D. Maria I, de Portugal, proibiu o funcionamento no Brasil de “fábricas, manufaturas ou teares” e todo tipo de indústria. Mas havia resistência, e um exemplo dela foram os inconfidentes mineiros de 1789 cujo programa falava na instalação de “fábricas de tecidos de algodão e forjas para ferro. Assim como fábricas de pólvora”.

Essa luta antiga aprofundou-se ao longo das décadas. O desenvolvimento de uma economia autônoma foi uma exigência do programa de José Bonifácio, nos anos da independência. Ele defendia um desenvolvimento harmônico que combinasse a agricultura, a indústria e o comércio para melhor atender ao interesse nacional, e não aos das potências externas. “É preciso apoiar as manufaturas, aperfeiçoa-las, mas deve-se ter cuidado em não terem o primeiro grau na atenção do governo: a fabricação é um ente subsidiário da produção; neste ponto de vista é o mais útil agente da produção, pelo preço que dá aos frutos e a venda que procura, é a alma do comércio favorável, diminuiu o volume de seu peso e aumenta proporcionalmente os ganhos”, escreveu.

O anseio por um desenvolvimento nacional centrado nas necessidades do país, de sua economia e dos brasileiros fundamentou a luta pela industrialização durante todo o período imperial, enfrentando o enorme obstáculo representado pela política liberal dominante, que favorecia a agricultura de exportação e sua contrapartida, a importação de bens industriais produzidos fora do país.

A “vocação agrícola” do Brasil

Era uma época em que prevaleceu a tese da “vocação agrícola” do Brasil, durante a qual a ação de industriais como Mauá, no Império, ou Delmiro Gouveia, na República Velha, foi derrotada ao chocar-se contra os interesses da oligarquia agroexportadora e do imperialismo inglês, que aliaram-se para impedir o desenvolvimento de indústrias no Brasil.

Com a proclamação da República, em 1889, cresceu a influência dos partidários do desenvolvimento sendo tomadas algumas medidas favoráveis à produção local, como a lei do similar nacional, por exemplo, que proibia a importação de produtos já fabricados no país (a abrangência dessa lei foi severamente reduzida cerca de um século depois, nos governos neoliberais de Fernando Collor de Mello e Fernando Henrique Cardoso).

Foi preciso esperar até a revolução de 1930 para que um modelo de desenvolvimento autônomo pudesse firmar-se com mais consistência. Aquele movimento pôs um ponto final na República Velha e em sua política econômica liberal, podendo ser considerado o marco inicial daquilo que, mais tarde, ficou conhecido como nacional desenvolvimentismo.

A partir de então a correlação de forças mudou e o sonho industrialista começou a tomar forma num modelo de desenvolvimento, embora ainda enfrentando a oposição da velha oligarquia agromercantil, que foi fragilizada em 1930 mas não eliminada. O poder político passou a ter novos sócios e a orientação econômica adotada contemplou os interesses dos industriais sem desconsiderar as demandas do latifúndio e do grande capital comercial.

Intervenção do Estado pela industrialização

Mesmo assim a industrialização se aprofundou. Sob o governo de Vargas foi marcante a intervenção estatal em favor da industrialização. Foram criadas também criou condições para a incorporação dos trabalhadores à vida política ao adotar uma legislação trabalhista (que incorporou antigas reivindicações operárias) e ao transformar os sindicatos em verdadeiros órgãos do Ministério do Trabalho agindo no movimento operário (subordinando a atividade dos trabalhadores e orientando-as dentro dos estritos limites permitidos pelo modelo de desenvolvimento adotado).

A influência da orientação industrialista cresceu como nunca, incorporando-se desde então, de forma duradoura, à política de governo. E fomentando um debate intenso que opôs industrialistas e agraristas ao longo daqueles anos, expondo um conflito entre os dois modelos que – com a persistência de importante parcela do poder dos liberais e agraristas na sociedade e mesmo no governo - poderia eclodir assim que houvesse condições.

A disputa entre dois modelos cresceu desde o final do Estado Novo, em 1945, demarcando os campos que se enfrentariam no cenário político brasileiro nas décadas seguintes: o nacional-desenvolvimentista, liderado por Getúlio Vargas, e o campo pró-americano e conservador (hoje chamado de neoliberal) liderado pela União Democrática Nacional e pelos antepassados políticos do PFL (hoje DEM) e do PSDB.

Nacional desenvolvimentismo

A deposição de Vargas, em 1945, e a eleição do marechal Eurico Gaspar Dutra representaram um golpe que interrompeu, temporariamente, a busca de um desenvolvimento autônomo. No segundo governo de Getúlio Vargas, a partir de 1951, o nacional-desenvolvimentismo foi retomado e teve uma formulação mais clara. Ele previa o uso dos instrumentos do Estado para a promoção da infraestrutura necessária ao desenvolvimento de uma indústria brasileira de bens de capital vista como a base para a industrialização autônoma do país.

A minha atuação obstinada” – Vargas assegurou durante a campanha eleitoral – “foi transformar em nação industrial uma nação paralisada pela monocultura extensiva e pela exploração primária das matérias-primas". Vargas voltou à Presidência com a idéia de retomar o impulso perdido em 1945, mas em condições internas e externas difíceis. As reservas externas acumuladas durante a Segunda Grande Guerra haviam sido consumidas em importações de bens de consumo para a classe dominante; a reação interna fora fortalecida sob Dutra, que manietou os sindicatos, perseguiu os comunistas e impediu, diligentemente, o reaparecimento de qualquer forma de organização popular (uma das medidas democratizantes de Vargas, que impulsionou a participação dos trabalhadores na luta pelo desenvolvimento, foi o fim da exigência de atestados ideológicos nas eleições sindicais); externamente, o imperialismo, refeito do impacto da guerra, se fortalecia e a guerra fria estava no auge.

Oposição neoliberal

Naqueles anos o choque entre o imperialismo e o nacional-desenvolvimentismo se aprofundou. Embora moderado, o nacionalismo de Vargas assustava a oligarquia e o capital estrangeiro. A “oposição conservadora”, diz Maria Victória M. Benevides, “liderada pela UDN, alimentava suas criticas à política econômica do governo pela aversão às propostas de política social e salarial anunciadas por Getúlio (...) e ao avanço do nacionalismo, em termos de intervenção estatal e controle do capital estrangeiro. Estava em jogo, portanto, a defesa de um modelo ‘neoliberal’, no qual predominavam definições conservadoras sobre a questão operária e privatistas sobre a questão da fórmula para o desenvolvimento”.

Vargas criou alguns organismos que tiveram enorme influência na industrialização do país, cujo avanço foi então acelerado. Lançou as bases do planejamento econômico; fundou o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), em 1952; criou a primeira comissão governamental para fomentar a indústria automobilística (em 1952); criou a Petrobras (em 1953) etc.

O clímax da reação conservadora contra Vargas foi a crise de agosto de 1954 e o suicídio do presidente no dia 24 daquele mês. Mas o governo dos golpistas – dirigido com expoentes do entreguismo, como Eugenio Gudin, Otávio Gouveia de Bulhões e Otávio Marcondes Ferraz, aliados ao capital estrangeiro, do latifúndio e do grande capital financeiro brasileiro –, não teve forças para impor integralmente seu programa conservador e neoliberal. Não conseguiu fazer sua reforma cambial nem acabar com o monopólio estatal do petróleo. Mas revogou as restrições às remessas de lucros ao exterior pelas multinacionais.

Modelo associado dependente

Eles criaram a condição para uma alteração fundamental no nacional-desenvolvimentismo. Favoreceram a entrada de empresas estrangeiras com a adoção da famosa Instrução 113 que permitiu às empresas estrangeiras importarem equipamentos isentos de tarifas alfandegárias, mas excluindo desse benefício os capitalistas brasileiros.

Foi a porteira aberta para a avassaladora desnacionalização da economia nacional, com a invasão de empresas estrangeiras que passaram a dominar os setores de ponta, particularmente a indústria automobilística. Outra mudança essencial foi a ênfase na produção de bens de consumo duráveis, como automóveis e eletrodomésticos, deixando em segundo plano a indústria de bens de capital necessária para a autonomia da produção brasileira.

A opção conservadora pela industrialização com base no capital estrangeiro tinha uma razão: ela não levaria à alteração profunda nas relações sociais, fortalecia o vínculo com o imperialismo e a dominação externa, não ameaçava a arcaica estrutura social e era uma opção de financiamento do desenvolvimento que não desviaria capitais da agricultura. A instrução 113 foi assim o certificado de nascimento de um novo modelo de desenvolvimento, o associado dependente, que foi uma espécie de variação conservadora do nacional desenvolvimentismo. Ele foi fortemente impulsionado pelo Plano de Metas de Juscelino Kubitschek e aprofundado pelos governos militares após 1964.

As multinacionais e a desnacionalização da economia

O governo de Juscelino Kubitschek reorientou a industrialização, atraindo algumas das mais poderosas multinacionais, que se instalaram ou aprofundaram as atividades no Brasil, beneficiadas pela Instrução 113. Entre elas, a Ford, a General Motors, a Volkswagen, a Krupp, a Mannesman etc que, rapidamente, se transformaram no pólo dinâmico da economia, estimulando todas as demais atividades produtivas. Estavam lançadas assim as bases do enorme desenvolvimento das décadas seguintes, baseado nas empresas estatais, empresas privadas nacionais e empresas estrangeiras, e no consumo de bens duráveis, como automóveis e eletrodomésticos.

Era um projeto de desenvolvimento aceitável para as classes dominantes, principalmente as elites agrárias e o capital financeiro, solidamente representados no Congresso Nacional com a vantagem, para elas, de manter o movimento operário sob controle. O latifúndio continuava intocado, os industriais conseguiram bons negócios com as multinacionais e os trabalhadores pareciam satisfeitos com as possibilidades de novos empregos abertos pelas novas indústrias. Esse modelo importou os fabricantes para substituir a importação dos produtos.
Para a classe dominante brasileira foi um verdadeiro achado; a modernização conservadora unificou seus vários setores, deu-lhes um arremedo de projeto nacional, ligou-os aos interesses do imperialismo e, ao mesmo tempo, promoveu a modernização sem alterar a arcaica estrutura social.

A marcha triunfante do modelo associado dependente enfrentou ainda no governo de João Goulart (1961/4) uma breve e frágil tentativa de restauração do nacional-desenvolvimentismo, marcada por uma pauta extensa de reformas vistas como necessárias para a modernização do país. Entre elas destacava-se a reforma agrária, a renegociação da dívida externa, o controle da remessa de lucros das empresas estrangeiras e a regulamentação do ingresso do capital estrangeiro no país, as reformas urbana, administrativa, bancária, da previdência social, da educação, a regulamentação do direito de greve, a nacionalização das concessionárias de serviços públicos etc.

Ditadura militar

Mas Goulart foi deposto, em 1º de abril de 1964, e o modelo associado dependente prevaleceu nas décadas seguintes, sob o regime dos generais. O governo do primeiro general presidente, Castelo Branco, implantou uma política econômica rigidamente liberal expressa no Plano de Ação Econômica Governamental (PAEG) gerido pela dupla Otávio Gouveia de Bulhões e Roberto Campos, herdeiros de Eugênio Gudin e da tradição livre-cambista. Seu fundamento era o corte dos gastos públicos, aumento de impostos, restrição ao crédito e arrocho salarial. Adotaram também a Instrução 289, em 1965, que favorecia ainda mais a entrada das empresas estrangeiras, financiadas agora com mecanismos cambiais garantidos pelo Tesouro Nacional. O PAEG facilitou, ainda, a compra de empresas brasileiras por multinacionais, aumentando a desnacionalização e à desorganização da economia nacional.

Em 1971 o governo militar promoveu uma discreta reorientação com o I PND (Plano Nacional de Desenvolvimento) que, sem hostilizar as multinacionais, propunha-se a colocar o empresário brasileiro em situação de igualdade com as empresas estrangeiras em algumas áreas, reservava alguns setores estratégicos da economia aos empresários brasileiros e procurava encaminhar as multinacionais para a criação e expansão das indústrias de base.

Mais tarde, em 1974, o II PND (no governo Geisel), reiterou a promessa de fortalecer a indústria nacional, prevendo o equilíbrio entre empresas estatais, privadas nacionais e estrangeiras, e propondo o fortalecimento da produção de bens de capital e insumos duráveis. Isto é, propunha-se a corrigir a debilidade fundamental do desenvolvimento industrial dando-lhe autonomia e maturidade ao tornar nossa economia independente da necessidade de importar máquinas e equipamentos para sua atualização tecnológica.

A crise da dívida externa

O calcanhar de Aquiles do II PND foi o financiamento com empréstimos externos, principalmente na época em que o “milagre econômico” de 1968 a 1973 dava sinais de esgotamento. A crise econômica mundial, que estouraria nos anos 1980, germinava lentamente fazendo com que aquele esforço de lançar a economia numa nova fase de desenvolvimento se traduzisse no pesadelo da dívida externa crescente. Vinculada a juros internacionais flutuantes, que começaram a crescer sem controle desde a chamada “crise do petróleo” de 1973-74, a dívida externa brasileira pulou rapidamente para o patamar de 100 bilhões de dólares.

A crise eclodiu com força nos anos 1980, atingindo frontalmente a indústria brasileira e colocando o país, no final da ditadura militar, numa encruzilhada histórica que atravessou a década de 1980 e opôs a alternativa entre um modelo de desenvolvimento para fortalecer a economia brasileira e atender às necessidades da economia e do povo, ou a volta do velho modelo liberal (agora neoliberal), da subordinação do país ao imperialismo, do enfraquecimento da produção nacional e sua esteira de desemprego e empobrecimento dos brasileiros.

4 de jul. de 2010

Por falar em Ficha Limpa, que tal...

Ficha limpa para a mídia


O jornal New York Times, num determinado momento da campanha presidencial de 2008 nos Estados Unidos, publicou um editorial anunciando seu apoio ao candidato democrata Barack Obama. Desfilou as razões da atitude, anunciou sua opção.


Em momento algum o New York Times adulterou notícias, inventou dossiês, montou pesquisas para favorecer seu candidato, nada semelhante ao que fazem os veículos das organizações Globo, de Veja, ou Folha de São Paulo. Tão somente tornou pública a sua posição.


Um jornal ou revista apoiar determinado candidato não implica em crime e nem o transforma em órgão mentiroso. O que faz com que a grande mídia no Brasil seja mentirosa, parte do complexo político e econômico orientado pelos interesses de banqueiros, grandes empresários e latifundiários é exatamente a falta de caráter, o fato de serem veículos comprados e compráveis. Sugerem imparcialidade que não existe para dissimular essa falta de caráter.


Há dias uma menor foi violentada em Santa Catarina por três adolescentes. Um deles filho de um dos donos da RBS, rede de televisão ligada a GLOBO e que opera no sul do País. Silêncio absoluto no jornal nacional. Filho de diretor de redes afiliadas, ou associadas pode tudo, inclusive violentar menores.


O nome do cidadão, o pai, o amigo da Globo, parceiro, é Sérgio Sirotsky. O caso aconteceu na casa da mãe do rapaz. A moça foi embebedada e estuprada de todas as formas possíveis por três rapazes, dois além do filho do dono da RBS.


Foi a própria mãe do rapaz que ao abrir a porta do quarto do filho e ver ao que estava acontecendo parou a barbárie, ligou para os pais da menina e na tentativa de salvar seu filho comunicou que a filha deles estava bêbada, “sabe como é festa de adolescentes, por favor venham buscá-la”.Silêncio absoluto no jornal nacional.


São covardes além de mentirosos.


O jornal Folha de São Paulo publicou um currículo falso da candidata Dilma Roussef e foi publicamente advertida disso pelo próprio onbudsman do jornal, mas manteve a mentira. Não havia erro na publicação da farsa, fora deliberada.


São covardes e mentirosos.


A Operação Harém da Polícia Federal mostra que laranjas dessas empresas, sobretudo a Globo, se valem de atrizes, modelos, dançarinas, para “fechar grandes contratos publicitários”. Na cama. E por um bom michê, no caso não é cachê.


Claro, as que se prestam a isso.


É essa gente que quer eleger um político venal, corrupto, agente de interesses de países e grupos estrangeiros para presidente da República. José Arruda Serra.


Se dizem imparciais.


Mas são apenas covardes e mentirosos.Não têm compromisso algum com o Brasil, os brasileiros.


Várias organizações estão remetendo a ONU, tribunais internacionais, documentos mostrando o processo de compra da Globo São Paulo pelo grupo de Roberto Marinho, diante da passividade da Justiça brasileira.


A empresa foi comprada com documentos falsificados, falsificação comprovada por perícia, até com assinatura de morto. Mas fica tudo por isso mesmo.


A Justiça nada.


E assim o dia a dia desses veículos, dessas redes de tevê, rádios, jornais e revistas.


Vendem alienação. Desinformação, mentira. São pagos para isso.


Estuprar menores, fica decidido, se for filho de dono de associada, ou amigo do peito, pode sem problema, o jornal nacional fica caladinho.


São covardes e mentirosos.


Que tal ficha limpa para a mídia? Por: Laerte Braga

3 de jul. de 2010

A Era Lula vista no espelho dos indicadores sociais

“De maneira geral, indicadores subjetivos e objetivos concordam que a imagem de nossos problemas sociais projetada na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/ IBGE) é ainda grotesca, mas houve melhoras desde 2003”.
A análise é do economista Marcelo Neri em artigo na Folha de S.Paulo, 03-07-2010.

Eis o artigo.

A nova Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF/ IBGE) representa ponto de inflexão no modo como a sociedade do país se enxerga no espelho dos indicadores sociais. Por exemplo, a pobreza é menor na POF do que nas demais pesquisas, como a Pnad - respectivamente, 10% e 16% da população dispõem de renda per capita menor que R$ 140 por mês.

Essa diferença se deve ao fato de a POF captar a despesa não monetária, que corresponde a 13% da renda das famílias em geral e o dobro disso nas famílias pobres. O numerário da medição dos avanços sociais pós-POF não será mais renda, e sim consumo, que a POF é a única a captar. Esse é um ganho, pois as pessoas extraem bem-estar dos bens e dos serviços consumidos, e não do valor de seus contracheques.

Em 2010, não haverá Pnad, pois é ano de Censo, e já em 2011 haverá uma revolução estatística, com a integração da Pnad, da PME e de uma mini-POF em uma única pesquisa trimestral.

Mais do que uma sopa de letras e números, o novo sistema de pesquisas domiciliares "ibgeano" privilegiará o consumo para integrar os efeitos de políticas públicas (programas sociais, aposentadorias etc.) e ações privadas no mercado (financeiro, de trabalho etc.) ou fora dele (não monetárias).

A POF não é uma bola de cristal, mas permite antever alguns dos mais sérios problemas brasileiros, medindo peso e altura das crianças, um indicador que não habitava nem os sonhos dos gestores públicos. Um país de crianças nanicas e subnutridas no futuro será econômica e socialmente nanico.

Além disso, a POF permite olhar mais longe no espelho retrovisor dos indicadores sociais. Ela dá um retrato das mudanças de prazo mais longo que a Pnad, a principal referência social no país. A primeira Pnad disponível é de 1976, e a primeira POF nacional data de 1974/75.

Há ainda ganho de atualização na POF, pois a Pnad mais recente é de setembro de 2008, e a POF, centrada em janeiro de 2009. A POF anterior é de 2002/ 03, o que nos permite captar o período de ouro cercado por duas crises, iniciado naquela associada às incertezas das eleições de 2002 - quando US$ 1 chegou a custar R$ 4 - e encerrado no pós-crise externa de 2008. As duas últimas POFs permitem medição rica da chamada Era Lula. Se não vejamos:

O crescimento da renda familiar média divulgado pelo IBGE é de 10,8% entre POFs. Com a redução do tamanho das famílias de 3,62 para 3,3 pessoas, a renda familiar per capita, que é o que importa para o bem-estar, cresce o dobro: 21,7%. Esse número é equivalente ao da Pnad.

A expansão do PIB per capita foi superada em oito pontos percentuais pela renda calculada diretamente a partir de pesquisas domiciliares como a Pnad e a POF. Segundo a POF, a renda dos 10% mais pobres sobe 42,1%.

A dos 10% mais ricos, 13,3%, ou seja, o bolo de renda cresceu, mas com mais fermento entre os mais pobres. Entre as duas últimas POFs, a proporção de pessoas pobres cai de 18% para 10%. A POF é a única pesquisa a avaliar a evolução da percepção das pessoas sobre pobreza. A proporção de famílias que tinham dificuldade de chegar até o final do mês com o orçamento caiu de 85% para 75%.

De maneira geral, indicadores subjetivos e objetivos concordam que a imagem de nossos problemas sociais projetada na POF é ainda grotesca, mas houve melhoras desde 2003.

O alto nível da desigualdade brasileira é como um astro visível de outras partes do globo. Se os cientistas sociais fossem astrônomos e a renda dos brasileiros fosse uma nuvem de estrelas, as últimas POFs seriam o supertelescópio situado no lugar e no período certos para avaliar o início dos seus movimentos.

“Brasil abandonou as ilusões da globalização”,

“Brasil abandonou as ilusões da globalização”, diz diretor do FMI
03.07.2010 Do Dilmanaweb


Era comum na década de 1990 ouvir que os investimentos públicos do Brasil estavam condicionados às diretrizes do Fundo Monetário Internacional (FMI). Tudo que era proposto pelo Estado brasileiro precisava da chancela do Fundo, que tutelava o governo e o povo. Contudo, no governo Lula esse tempo passou e quem voltou a dar as cartas sobre os investimentos públicos é o Estado brasileiro.

Em entrevista ao Dilma na Web, o diretor executivo pelo Brasil e mais oito países no FMI, Paulo Nogueira Batista Junior, analisa esse novo momento do país e comemora o abandono das ilusões da globalização e fim do Estado inoperante que apostava apenas no mercado.



Qual a avaliação sobre o desempenho dos países em desenvolvimento na crise financeira mundial, iniciada em 2008?

Foi uma grande surpresa. Os países em desenvolvimento, em sua maioria, enfrentaram a crise razoavelmente bem. O Brasil se destacou nesse particular. Muito do prestigio atual do país se deve à percepção de que o Brasil soube lidar bem com os choques externos em 2008 e 2009. Houve a maior crise desde a Grande Depressão dos anos 1930, e o Brasil não só não teve grandes problemas em suas contas externas, como virou credor do FMI! Quem diria!

Que significado tem dentro e fora do FMI a mudança de posição do Brasil de devedor para credor externo?

Hoje a nossa posição é outra. A influência do Brasil no exterior, inclusive no FMI, G20, é crescente. O Brasil tem demonstrado capacidade de atuar de forma independente. Nem todos os emergentes têm essa capacidade. Houve, acredito, uma mudança enorme na posição internacional do país. Temos que trabalhar para manter e consolidar essa posição mais forte. Para isso, é importante, entre outras coisas, manter as contas em ordem e evitar a dependência de capitais externos.

Quais vantagens competitivas o senhor vê no Brasil em relação aos outros países?

O Brasil é um país-continente. É um dos maiores do mundo em termos de PIB [Produto Interno Bruto], população e extensão geográfica. Tem recursos naturais abundantes. Uma população ativa e criativa. Sempre acreditei, mesmo nos piores momentos durante os anos 1980 e 1990, no futuro do país e no seu potencial. Passamos por muito sofrimento, muita decepção, mas agora tomamos o rumo do desenvolvimento com independência. "A independência é para os povos, o que a liberdade é para o individuo", dizia De Gaullle. Depois de muita cabeçada, parece que finalmente o Brasil encontrou o seu caminho, abandonando as ilusões sobre “globalização", fim do Estado nacional e outras que nos seduziram na década de 1990.
O Brasil pode se tornar a 5ª maior economia do mundo, como algums preveem? É difícil prever. Mas o Brasil deve continuar crescendo mais do que a média mundial. Para continuar crescendo, é importante manter políticas econômicas sólidas, estimular o investimento e não se deixar inibir pelas estimativas pessimistas que muitos economistas fazem sobre o nosso "crescimento potencial". Essas estimativas são mais incertas do que se imagina. Não me parece exagerado buscar metas de crescimento ambiciosas, digamos, de 6% ao ano nos próximos anos.
Como o senhor vê os recentes desdobramentos da crise mundial na União Europeia e sobretudo os riscos para países em desenvolvimento?

A crise europeia não está resolvida. A tensão diminuiu, mas o quadro é de fragilidade. A perspectiva é de estagnação ou crescimento lento. Como ela representa mais de 20% do PIB mundial, um efeito adverso no resto do mundo é inevitável. Para o Brasil, o mercado europeu é importante e, portanto, a crise afeta as nossas exportações e provavelmente os preços das commodities (soja, minério de ferro) exportadas pelo país. Mas a posição brasileira é bastante boa. Temos reservas altas, contas razoavelmente sólidas, crescimento econômico robusto. A imagem do Brasil no exterior é muito favorável. A principal fragilidade, a meu ver, é o desequilíbrio crescente das contas externas correntes. Isso resulta da combinação de crescimento rápido e moeda valorizada. O Brasil está crescendo bem mais do que a maioria das principais economias. E os nossos juros são muito mais altos do que os praticados pelos principais bancos centrais do mundo.
Como andam as discussões para reformar o sistema financeiro internacional e até mesmo o FMI?

As reformas do FMI estão caminhando. A grande resistência é dos europeus, que estão super-representados na instituição e relutam muito em ceder espaço. Muito dinheiro foi e está sendo colocado no FMI desde a crise global. A briga interna, a disputa pelo poder dentro da instituição, se intensificou. Quanto à reforma financeira, houve progresso, mas não tanto quanto se poderia esperar. Afinal, as deficiências do sistema financeiro, da sua regulação e supervisão, tanto nos EUA como na Europa, provocaram uma crise fenomenal. O problema é que a influência dos lobbies financeiros é enorme. Os governos, pressionados pela opinião publica, estão enfrentando esses lobbies, com maior ou menor sucesso, mas a batalha é dura.

Chouriçazzo Argentino







E a Argentina caiu de 4. Não quis o Chile Mexicano e Preferiu o salsichão alemão de 4.




Tchau Maradona tem treze letras.
Argentina Fora tem treze letras.
Justiça Divina tem treze letras.


Brasileiros, Mexicanos (principalmente), alemães, uruguaios, paraguaios e meio-mundo afora estão contentes com a eliminação da Argentina do Mundial.
O Messi, o craque argentino não fez um golzinho sequer!

Não veremos a Sabrina Sato nua em Buenos Aires.... e nem Maradona.

...

De Maradona para o time:
Vamos Argentina, Vamos Argentina, senão perdemos o Avião!



Do Chaves e do Kiko Para o Seu Madruga:
Chaves: - Já Chegou a Argentinaaaa!
Kiko: - Não!!! Já se foi!


Da Argentina, só as argentinas mesmo!


Nos vemos no Brasil em 2014...se vocês se classificarem, é claro!!!!

2 de jul. de 2010

Estudo propõe indústria nacional de energia nuclear

Brasil, CGEE - 28/06/2010

Cadeia da energia nuclear

O Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) e a Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) se uniram para identificar as condições necessárias para implantar no país uma cadeia de suprimento qualificada para a produção de energia nuclear.

Essa cadeia deve ser capaz de atender às necessidades postas pelo Programa Nuclear Brasileiro (PNB), em sua expansão prevista para até 2030.

A parceria resultou em um estudo - encomendado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) ao CGEE - que posteriormente possibilitará encontros entre especialistas, representantes governamentais e do setor empresarial com vistas ao levantamento de propostas e recomendações que embasem a formulação de uma política industrial e tecnológica para o setor.

A cadeia de suprimento para geração de eletricidade a partir de usinas nucleares tem prioridade no estudo conduzido pelo CGEE. No entanto, também são abordadas as áreas de saúde, de produção industrial e do agronegócio.

Radiofármacos

Na área de saúde os radiofármacos e congêneres têm importantes aplicações em diagnósticos e terapias por parte das clínicas e hospitais do Brasil. Ampliar sua utilização deverá contribuir para a melhoria da qualidade destes serviços.

Já no agronegócio e na indústria, a questão é competitividade.

O emprego das tecnologias de irradiação em alimentos melhora suas condições de conservação e qualidade, fator determinante para o acesso dos produtos brasileiros a alguns mercados externos.

Aceitação da energia nuclear

A energia nuclear é cada vez mais aceita pela opinião pública e por grupos ambientalistas. No Brasil, pesquisas de opinião pública revelam uma aceitação que varia, em média, de 60% a 80% da população brasileira.

Entre os motivos que levaram a uma percepção positiva do setor nos últimos anos se incluem o aumento da segurança nos procedimentos de produção e os fatores ambientais, já que a geração de eletricidade com base em energia nuclear não emite gases causadores de efeito estufa.

A opção por um modelo que não polui a atmosfera é uma das vantagens competitivas da energia nuclear. "Mas a principal vantagem mesmo é econômica", afirma o presidente da CNEN, Odair Gonçalves. "A energia nuclear é mais barata que o óleo, e o valor se equipara ao do carvão e do gás natural. Além disso, exige pouco espaço de armazenamento de combustível, já que 10 g de urânio enriquecido produzem a mesma eletricidade que 1.200 kg de carvão ou 700 kg de óleo", diz.

"Num momento de intensas discussões sobre mudanças climáticas e aquecimento global, as alternativas tecnológicas de produção de energia vêm sendo repensadas pelas sociedades, e os avanços na tecnologia nuclear permitiram um olhar diferente sobre este modelo de geração de energia elétrica", afirma a assessora do CGEE, Liliane Rank, líder do estudo.

No começo da década, pesquisas mostravam que menos de 30% dos brasileiros apoiavam ou confiavam na produção de energia nuclear. Além das vantagens competitivas de apelo ambiental e econômico, a virada na opinião ocorreu a partir de 2003. "Neste ano, passamos a priorizar a transparência das informações sobre o setor", explica Gonçalves, da CNEN.

Em referência à questão ambiental, é positivo o fato de que as usinas nucleares ocupam terrenos relativamente pequenos quando comparados às extensas áreas inundadas para a instalação de usinas hidrelétricas.

Expansão Nuclear

A primeira etapa do estudo liderado por Liliane Rank, concluída em novembro de 2009, deu origem a um relatório final, "Estudo da Cadeia de Suprimento do Programa Nuclear Brasileiro: contextualização e perspectivas do setor de produção de energia nuclear no Brasil".

De acordo com Liliane, a segunda fase, iniciada no primeiro semestre de 2010, deve especificar e dimensionar a demanda de suprimentos, fundamentada na expansão prevista para o setor, além de estabelecer um diálogo entre oferta e demanda para identificar oportunidades de investimentos que fortaleçam a base industrial do país.

O Plano Nacional de Energia do governo brasileiro trabalha com cinco cenários de potência instalada no país até 2030. A energia nuclear, segundo o plano, passaria dos atuais 2,1% de participação para 3% no cenário mais modesto para a produção de origem nuclear. Ou, no cenário mais favorável, para uma fatia de até 5% em 2030.

Novas usinas nucleares no Brasil

Para alcançar esses objetivos, o Brasil construirá entre quatro e oito novas usinas nucleares em seu território nos próximos 20 anos. As obras da usina de Angra 3 começam em 2010, de acordo com a CNEN. O governo definirá, ainda este ano, a localização da quarta planta, que deverá ser instalada na região Nordeste, provavelmente no estado de Pernambuco.

"Por isso o estudo é primordial", afirma Odair Gonçalves. "Precisamos dominar a produção de algumas ligas metálicas. O estudo é fundamental principalmente para as áreas de insumos e infraestrutura", diz. Segundo Gonçalves, a expectativa é que a indústria nacional domine toda a cadeia de suprimento até 2015.

O Brasil ostenta uma situação confortável no setor, já que é um dos três países que ao mesmo tempo detêm reservas de urânio e dominam o processo de enriquecimento, ao lado de Estados Unidos e Rússia. Além disso, a tecnologia de enriquecimento de urânio é conhecida e aplicada comercialmente por apenas sete países: Brasil, EUA, França, Rússia, Reino Unido, Alemanha, Japão e Holanda.

Diferentemente de outros países, como Estados Unidos, França, Rússia e Reino Unido, o Brasil enriquece urânio com finalidade estritamente pacífica, como prevê a Constituição do país. Essa posição histórica credenciou o governo brasileiro a participar, nos últimos meses, da busca de uma solução para o impasse entre o Irã e a comunidade internacional sobre o enriquecimento de urânio pelos iranianos.

Recomendações para o setor nuclear

O resultado das ações propostas no estudo conduzido pelo CGEE contribuirá para promover a mobilização do complexo industrial nuclear brasileiro, para que ele esteja preparado para fornecer serviços, materiais e equipamentos em grau crescente de nacionalização.

Assim, de acordo com o estudo, o parque industrial do país terá condições de atender ao Programa Nuclear Brasileiro (PNB) e de contribuir para o aprimoramento da gestão de longo prazo da implantação de novas usinas, bem como o delineamento futuro de políticas públicas de incentivo a este setor.

O documento lista uma série de sugestões que devem ser adotadas pelo setor produtivo, pelo governo e por instituições brasileiras a partir de 2010: fazer um levantamento da matriz de demanda versus oferta do setor nuclear; promover uma busca na produção nacional de enxofre; verificar os montantes dos déficits projetados no tempo, em uma comparação entre a capacidade de produção agregada ao sistema e a expansão das usinas em operação, para verificar as ordens de serviços externas necessárias até 2030.

Outras recomendações incluem identificar e promover a capacitação de empresas de consultoria na seleção de locais adequados para implantação de centrais nucleares, na preparação de relatórios de segurança para o licenciamento e na elaboração de estudos de impacto ambiental para instalações nucleares.

Uma nova etapa do estudo terá por objetivo se aprofundar em temas como a produção de radiofármacos, visando o incremento nas suas aplicações na área de saúde, e na fabricação de irradiadores nacionais, mapeando a demanda para a purificação e conservação de alimentos como frutas, já que alguns países, entre eles Estados Unidos e Japão, exigem biossegurança para os produtos que importam de outras nações.

Fonte: Site Inovação Tecnológica- www.inovacaotecnologica.com.br URL: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=industria-nacional-energia-nuclear

30 de jun. de 2010

Jornalões querem ganhar dinheiro com eleição

Da Carta Maior

A legislação eleitoral válida para estas eleições limitou a 10 o número de propaganda a que cada candidato pode veicular na mídia impressa. Além disso, obrigou que o preço do anúncio seja divulgado ao eleitor no próprio anúncio. Como em editoriais a imprensa critica tanto o poder econômico na eleição e faz sermões contra a falta de transparência, era de se esperar que a nova lei, embora tímida, recebesse aplausos. Porém, a presidente da ANJ, Judith Brito, protestou contra a medida. O artigo é de Beto Almeida.

Beto Almeida (*)
Data: 25/06/2010

É evidente que a eleição numa sociedade desigual e injusta como ainda é a brasileira também revela influências tirânicas que o poder econômico pode exercer sobre o voto dos eleitores sobre a maioria carente de informação. Há até quem queira acreditar que sejam iguais o eleitor bilionário Eike Batista e o eleitor gari desrespeitado pelo jornalista Boris Casoy, que pertenceu a grupos de extrema-direita. Com vistas a atenuar a negativa influência do poder econômico, a legislação eleitoral válida para estas eleições limitou a 10 o número de propaganda a que cada candidato pode veicular na mídia impressa. Além disso, obrigou que o preço do anúncio seja divulgado ao eleitor no próprio anúncio. Como em editoriais a imprensa critica tanto o poder econômico na eleição e faz sermões contra a falta de transparência, era de se esperar que a nova lei, embora tímida, recebesse aplausos. Porém, a presidente da Associação dos Jornais, Judith Brito - aquela que falou que a mídia vem cumprindo o papel que a oposição, por fraqueza, deixou de cumprir - em artigo escrito talvez na mesa do departamento comercial de algum jornal, protestou

Os argumentos utilizados pela líder dos jornalões são pérolas reveladoras dos conceitos ou preconceitos que o baronato deste seguimento de mídia tem na cabeça. Primeiramente ela argumenta que “a limitação ao número de anúncios fere a liberdade de expressão e informação na medida em que restringe o direito constitucional do eleitor de receber informações políticas no período mais próximo às eleições”. E como seria a ausência de limitações ao número de vezes, como antes? Óbvio, o candidato querido pelo Eike Batista não teria dificuldades para comprar espaços até mesmo todos os dias nos jornais que quisesse. Mas, os candidatos mais ligados aos garis desprezados pelo Casoy teriam enorme dificuldade para ter um anúncio que fosse, pois são muito conhecidas as tabelas de preços. O que é que fere a liberdade de expressão e divulgação?

É com uma overdose de candura, reconhecemos, que ela informa ao público em geral, num país de leitura praticamente proibida, que a informação sobre “ o custo da publicidade eleitoral dos candidatos – é facilmente acessível nas prestações de contas feitas à Justiça Eleitoral” Façamos as contas: a soma de todas as tiragens dos 338 jornais diários existentes no Brasil não alcança 7 milhões de exemplares. Tiragem que anda caindo, juntamente com a credibilidade desta imprensa. E o número de eleitores ultrapassa 100 milhões. Só uma minoria lê. Mas Dona Judith acredita que quem quiser saber o preço do anúncio irá lá no site do Tribunal Eleitoral....No Brasil os trabalhadores não conhecem sequer seus direitos laborais, não tem informação mínima sobre seus direitos previdenciários, nunca leram a Constituição, aliás, ou nunca tiveram um exemplar nas mãos, mas ela acha que esta informação é “facilmente acessível”. É a confissão do mundo em que vive, é a maneira de ver a realidade, pelas lentes de sua ideologia.

Transparência: pra quem?
A presidente da ANJ vai além, na revelação de si mesma. Ela escreveu que “ A obrigatoriedade da exposição do preço do anúncio atenta contra o princípio constitucional da isonomia, já que existe apenas para propaganda eleitoral na mídia impressa..” Aqui ela expõe seu próprio conceito de transparência sobre a coisa pública. Em editoriais, os jornalões exigem transparência. Mas, quando a lei, ainda que de modo tímido, porém salutar, determina que se informe ao leitor quanto custou o anúncio, Dona Judith reclama........ falta de isonomia, ao invés de reivindicar que para toda e qualquer propaganda, inclusive para a mídia eletrônica, os eleitores deveriam ter o direito de estar informados do custo da propaganda eleitoral. Afinal, televisões e rádio recebem recursos públicos, do cidadão, para veicularem as propagandas. Ou seja, o horário eleitoral gratuito também tem preço. Claro, reconheçamos, é mais democrático que nas eleições nos EUA, pois lá nem horário eleitoral obrigatório em rádio e TV tem. Quem não tiver campanha bilionária simplesmente não é candidato nos EUA. Eleição movida a dólar. Por que D Judith reclama da falta de isonomia, mas, conforme os editoriais que apregoam, teoricamente , transparência na coisa pública, não reivindica o mesmo para a TV e o rádio? Porque ela quer apenas escapar da transparência obrigatória, nada mais.

Por último, a líder da ANJ nos comove ao afirmar que:
“Limitar o direito dos eleitores de receber informações sobre os candidatos, além de inconstitucional, é um desserviço à democracia.” Como nós conhecemos a trajetória histórica destes jornalões, seja quando se opuseram ao direito ao voto feminino, à criação dos Direitos Trabalhistas, à formação da Previdência Social, da Petrobrás ou quando comemoraram clandestinamente quando Vargas estourou seu próprio coração ou quando saudaram o êxito do golpe militar de 1964, que tanto solicitaram editorialmente, a comparação entre discurso e história é fácil. Como será que esta imprensa informa aos eleitores sobre os candidatos que defendem a necessidade inadiável do Brasil formar, fortalecer e qualificar um sistema público de comunicação? Rotulam: é o candidato da censura! E como tratam os candidatos que tem coragem de mostrar que esta imprensa que tanto ataca o estado e o seu papel vive reivindicando mais verbas públicas para si e se opondo a que as verbas públicas sejam redistribuídas mediante um critério mais democrático visando fortalecer a comunicação pública, educativa, comunitária para dar mais equilíbrio comunicacional, como reza a Constituição? Querem estatizar a imprensa, gritam.

Jornalismo Público: pauta inadiável
O artigo da presidente da ANJ nos abre a possibilidade de lançar, uma vez mais, o debate sobre quão urgente é a constituição de uma Fundação para o Jornalismo Público no Brasil, abrindo a possibilidade de que não tenhamos, como hoje, situação tão desequilibrada do ponto de vista informativo, pois há praticamente unanimidade dos jornalões contra a candidata apoiada por Lula. E também nos estimula a lançar ao debate sugestões para que seja criado um mecanismo que permita a todos eleitores receber sim toda a informação sobre todos os candidatos, o que a mídia impressa atual, seja por seu raquitismo - e com tendência de definhamento - não permite já que sua tiragem ( e nem informam a “voltagem”) não atinge sequer a 10 por cento dos eleitores.

Está na Constituição a obrigatoriedade do Estado em difundir informação a todos os cidadãos, o que é parcialmente coberto pelo horário eleitoral obrigatório na mídia eletrônica. Mas, e informação impressa? Só os que podem pagar terão seus nomes e propostas divulgadas? É democrático? Dona Judith não explica. O que ela quer é que aqueles candidatos que podem pagar anúncios, não tenham limites na sua “generosidade”. Está claríssimo. Mas, falta aos partidos, ao movimento sindical de jornalistas hoje quase hipnotizado com o discurso único do Diploma! Diploma! E mais Diploma!, reivindicar também uma maior presença do poder público na democratização da informação à sociedade.

O mercado editorial não democratiza informação
Isto porque fica claro que o mercado editorial não responde à necessidade de informar ampla e democraticamente sobre os candidatos, apenas aos que podem pagar à turma da Dona Judith. Assim, por que as gráficas dos tribunais eleitorais em cada estado não imprimem jornais gratuitos eleitorais contendo o programa de TODOS OS CANDIDATOS, inclusive dos candidatos dos garis que precisam fazer 200 galinhadas para sustentar suas modestas campanhas eleitorais? E , obviamente, com tiragem do tamanho do Brasil, não com o raquitismo do mercado editorial, já que no Brasil a grande maioria da população é, na prática, proibida de ler jornal e revista. Estatística da UNESCO revela que no Brasil se lê menos que na Bolívia. Aqui são 27 exemplares de jornal para cada grupo de 1 mil leitores, enquanto lá na pátria de Evo são 29 exemplares para um grupo similar de leitores. Mas, aqui há a segunda maior frota de helicópteros privados do mundo....Meio vergonhoso,né?

Enquanto o mercado editorial não apresentar uma solução para superar este apartheid da leitura, esta discriminação contra a grande massa de brasileiros que não pode comprar jornal, que nunca comprou um sequer em toda a sua vida, o período eleitoral seria um momento em que as gráficas dos tribunais, saindo de sua ociosidade crônica, imprimiria jornais em grandes tiragens, com distribuição gratuita, e com informações não somente sobre os candidatos, mas também sobre história política , democracia, direitos do eleitor, história das eleições no Brasil etc. Pode ser a única oportunidade em que milhões de brasileiros recebam um jornal para ler. E isto o jornalismo privado não pode fazer. Dona Judith quer apenas mais anúncio, mais dinheiro em caixa, não quer aumentar tiragem, não quer informar a todos, muito menos sobre todos, mas apenas sobre aqueles “todos” que podem pagar o anúncio. É como nas páginas de classificados: as belas palavras sobre ética dos editorias só revelam seu verdadeiro conteúdo e sinceridade nos anúncios em que a imprensa mostra toda sua relação com o comércio de sexo, páginas de um tenebroso escravagismo sexual moderno....

Um bom exemplo
Enfim, o que se propõe aqui não é uma novidade no Brasil. Muitos sindicatos, os mais democráticos, já fazem isto em suas eleições, numa lição de democracia para o baronato da mídia brasileira. Até a Federação Nacional dos Jornalistas já fez isto no passado, imprimindo jornal especial de eleições da entidade, com espaço igual para cada uma das chapas que concorriam à diretoria. Bom exemplo, pena que não se pratique mais. E o Jornal dos Jornalistas, do qual já fui editor, era enviado por correio a cada um dos jornalistas filiados, em todo o território nacional, com distribuição gratuita. O Tribunal Eleitoral bem que poderia pegar este exemplo da antiga Fenaj. Como também estamos em véspera de eleições na Fenaj, quem sabe o bom e democrático exemplo do jornal especial de eleições não é ressuscitado?

De todo modo, o mais importante é atentar para os gigantescos e anti-democráticos limites a uma informação adequada e cidadã que existem hoje no modelo comunicacional controlado oligopolicamente por empresas e pelo mercado. E também atentar para as palavras habilidosas e ardilosas que no fim e ao cabo nos fazem lembrar um livrinho muito interessante, que voltei a folhear estimulado pelo discurso da líder da ANJ: “Como iludir o povo com slogans de liberdade e igualdade”. Vale reler.

(*) Beto Almeida é diretor da Telesur

29 de jun. de 2010

Chilenada!!!


BRASIL 3 X 0 CHILE


Teve até pipoca com guaraná, café e o Grill da Michele, o Brito!


FORÇA DUNGA! CALA BOCA GALVÃO!

SEXTA-FEIRA É DIA DE COPA SEM GLOBO: BRASIL E HOLANDA. 2 A 1 Brasil!!!

24 de jun. de 2010

Ciao Itália, ciao!

Nem adiantou jogar bonito no fim do jogo e protagonizar com a Eslováquia uma das mais emocionantes partidas desta Copa do Mundo.

X

Perdeu pra estreante:


A Itália, está fora!

Mesmo que não venha o hexa: todo mundo tenta mas só o Brasil é Penta! (pelo menos até 2014!)

Mas em casa seremos Hepta... ou Hexa...

A Itália em 2006 foi Tetra, em 2010 foi Treta!

Vai voltar pra casa mais cedo.

20 de jun. de 2010

Biodiesel no Brasil

Segue um texto interessante sobre o Programa Brasileiro de Biodiesel disponível na Carta Maior

O Programa Nacional de Biodiesel: avanços e limites

Do ponto de vista produtivo, é inquestionável o sucesso do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel. No curto espaço de cinco anos, o programa conseguiu induzir a formação de um parque industrial capaz de atender a uma demanda de cerca de dois bilhões e meio de litros de biodiesel. O PNPB não apenas conseguiu atender à demanda antecipada do B5, como alcançou uma capacidade produtiva bem superior à demanda atual. Contudo, do ponto de vista distributivo e da justiça social, o programa ainda precisa avançar muito. O artigo é de Georges Flexor, professor da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro.

Georges Flexor (*)

Data: 16/06/2010
O Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB) completou em janeiro de 2010 cinco anos. Dado que a meta de adicionar 5% (B5) de biodiesel ao diesel mineral foi alcançada oficialmente em 2010, antecipando em três anos a previsão inicial, e que o mercado de biodiesel encontra-se relativamente bem estruturado, o momento atual pode ser apropriado para tecer algumas considerações avaliativas sobre o caminho percorrido.

Do ponto de vista produtivo, é inquestionável o sucesso do PNPB. No curto espaço de cinco anos, o programa conseguiu induzir a formação de um parque industrial capaz de atender a uma demanda de cerca de dois bilhões e meio de litros de biodiesel. O PNPB não apenas conseguiu atender à demanda antecipada do B5, como alcançou uma capacidade produtiva bem superior à demanda atual. Não existem, portanto, riscos de desabastecimento no horizonte próximo. Segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia, divulgado recentemente pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), se o índice de adição de biodiesel permanecer em 5%, a capacidade produtiva atual será suficiente para garantir uma oferta segura do combustível até 2019.

A implementação do PNPB gerou também alguns benefícios econômicos adicionais. A adição de biodiesel ao combustível fóssil, por exemplo, proporcionou economias de divisas, já que o Brasil importa um volume significativo de diesel mineral. Segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a mistura de 4% (B4) em vigor desde julho de 2009 permitiu uma economia de divisas de US$ 1,3 bilhão. A produção de biodiesel, além disso, estabeleceu uma nova demanda por óleos vegetais, um produto cujo valor é superior ao grão in natura. Dado o baixo crescimento do consumo por óleos vegetais (1,8% ao ano) no Brasil, a demanda criada pelo PNPB garantiu um mercado seguro para um produto que se fosse exportado na forma de grão, de óleo ou de farelo enfrentaria condições de comercialização muito mais incertas.

O êxito industrial do PNPB está em grande parte associado a uma série de ajustes institucionais que minimizaram os riscos dos empreendimentos empresariais. Em primeiro lugar, cabe assinalar as sucessivas mudanças no cronograma de implementação do programa. Inicialmente, a Lei 11.097 (lei do biodiesel) determinou um prazo de oito anos para o B5 (2013) e de três anos para B2 (2008). No entanto, esses prazos foram encurtados: o B2 foi autorizado em 2005, o B3 em 2009 e o B5 em 2010. Solicitado pelos produtores de biodiesel e avaliado positivamente pelo governo, este ajuste no cronograma proporcionou uma demanda crescente e segura para a indústria.

Em segundo lugar, foram alteradas as regras de participação nos leilões de biodiesel organizados pela ANP. No começo do programa, os leilões eram eletrônicos. O objetivo era promover a impessoalidade necessária ao bom funcionamento dos mecanismos de mercado. Num contexto ainda marcado pela incerteza quanto ao desenvolvimento do mercado do biodiesel, as regras estabelecidas, no entanto, incentivaram práticas de preços predatórias por parte das empresas, resultando em deságio importante nos primeiros leilões. Nos leilões seis e sete, por exemplo, o deságio médio foi de mais de 22%. Como a franje menos robusta da indústria não se sentia capaz de sustentar esse padrão de mercado, havia temor de quebra.

No estágio embrionário no qual se encontrava a indústria brasileira de biodiesel naquele momento, a possibilidade de falências era bastante crível e as perdas não eram somente privadas como políticas. Sem informações adequadas sobre o estado de saúde das empresas e temendo o fracasso de um programa econômica e politicamente atraente, o governo concordou em alterar as regras e a ANP instituiu pregões presenciais. O resultado desse ajuste institucional foi imediato: o deságio médio nos dez leilões seguintes não ultrapassou os 8,40%. A ANP, além de alterar as regras no intuito de garantir maior estabilidade dos preços, elevou os preços de referência – já a partir do sexto leilão – de modo que as condições de lucratividade da indústria melhoraram bastante. Ainda que os leilões presenciais tenham terminado recentemente – o décimo sétimo e o décimo oitavo leilões voltaram a ser eletrônicos –, o ajuste promovido no momento de maior incerteza quanto ao futuro da oferta de biodiesel revelou-se estratégico para o sucesso produtivo do programa.

Contudo, do ponto de vista distributivo e da justiça social, os resultados dos cincos primeiros anos de vida do PNPB são mais desanimadores, estando longe de atingir as metas esperadas inicialmente. O principal diferencial do PNPB em relação a outras políticas energéticas foi procurar estimular a produção de um novo combustível e promover a inclusão da agricultura familiar, nordestina em particular. Este aspecto, além de representar um fator de legitimidade para o governo e alimentar as expectativas das bases sociais que o apoiaram, era visto como fundamental para promover um modelo de desenvolvimento socialmente mais justo.

No entanto, até agora, este tem sido um dos aspectos mais problemáticos do programa. Os problemas gerenciais da Brasil Ecodiesel e seus efeitos negativos sobre a confiança dos agricultores familiares em relação aos benefícios do programa mostram que a articulação entre a agricultura familiar e a produção de biocombustível é complicada e que não existem a priori evidentes benefícios mútuos. De maneira mais geral, a incorporação de agricultores familiares num programa energético ambicioso e carregado de interesses diferenciados não tem se mostrado fácil.

Os interesses, valores e rotinas que sustentam as políticas energéticas, usualmente pautados por normas de segurança e de planejamento de longo prazo, não aderem facilmente ao objetivo de inclusão dos agricultores familiares nordestinos, já que estes são, geralmente, pouco capitalizados e organizados e, muitas vezes, não têm familiaridade com relações contratuais de médio e longo prazos. Além disso, são atores que enfrentam um recorrente problema de acesso a água e solos de qualidade. Em consequência, a oferta de matéria-prima torna-se mais incerta e os custos de coordenação das atividades elevam-se criticamente. A articulação desses mundos tão diferentes mostra-se, logo, complicada e fonte de problemas potenciais.

Esses problemas estruturais da inclusão da agricultura familiar, no entanto, poderiam em tese ser trabalhados e parcialmente resolvidos pelo programa. Mas os caminhos traçados pelo PNPB tomaram outros rumos, pelo menos até agora. A pressão dos produtores de biodiesel e a correlação de forças econômicas e políticas envolvidas no PNPB, dentro e fora do governo, somadas às preocupações quanto à sobrevivência do programa, induziram a adoção de uma estratégia que priorizou a garantia da oferta do biocombustível.

Ao mesmo tempo, admitiam-se temporariamente resultados sociais inexpressivos e a necessidade de revisão dos modos de atuação junto aos pequenos produtores. Assim, enquanto a indústria de biodiesel goza de relativa tranquilidade, recaiu sobre a Petrobras Biocombustível a árdua tarefa de promover uma cadeia de suprimentos no Nordeste e manter vivas as aspirações éticas do PNPB.

Os ajustes realizados para garantir os empreendimentos empresariais tiveram também efeitos distributivos não desejados na fase de formatação do PNPB. Ao alterar as regras dos leilões e encurtar o cronograma de implementação, a ANP acabou favorecendo os diferentes atores da cadeia de soja, a única estrutura organizacional capaz de responder aos desafios postos pela necessidade de abastecer um mercado desse tipo e dessa amplitude. Trata-se, com efeito, da única matéria-prima com oferta estruturada, segura e abundante de modo que cerca de 80% do biodiesel brasileiro é produzido a partir da soja (as demais matérias-primas significativas são o sebo bovino e o girassol). O PNPB, nesse sentido, transfere um volume de recursos não desprezível para os sojicultores do Centro-Oeste e Sul do Brasil, resultando num efeito distributivo não esperado e perturbador para as aspirações sociais do programa.

A dependência da soja e as dificuldades em promover a inclusão social dos agricultores familiares representam os principais desafios do PNPB. No tocante à primeira questão, o governo tem se empenhado em desenvolver alternativas fomentando pesquisas e animando uma Rede Brasileira de Tecnologia de Biodiesel que visa articular os esforços dos atores e eliminar os gargalos tecnológicos do PNPB. Os esforços realizados permitiram revelar inúmeras fontes alternativas, como macaúba, microalgas, óleo de fritura, pinhão-manso e outras potenciais oleaginosas escondidas nos mais diversos ecossistemas brasileiros. Mas, no estágio atual de conhecimento e desenvolvimento tecnológico, essas alternativas não representam opções críveis do ponto de vista industrial e provavelmente levarão certo tempo para se posicionar como matérias-primas abundantes e seguras para a produção de biodiesel. Até mesmo o dendê, que tem recebido atenções especiais por parte dos pesquisadores e do governo devido à sua produtividade e ao fato de ser cultivado preferencialmente no Norte do país, carece de conhecimentos e escala produtiva.

Para solucionar o problema da inclusão dos agricultores familiares no Nordeste, público-alvo privilegiado do PNPB, as esperanças do governo repousam nas capacidades operacionais, logísticas e financeiras da Petrobras Biocombustível. Aposta-se que a empresa, que iniciou a produção de biodiesel em três plantas (na Bahia, no Ceará e no Norte de Minas Gerais), possui recursos financeiros e humanos suficientes para arcar com os custos de organizar a cadeia de suprimentos. E, talvez, o mais importante: ela não sofre a mesma pressão por lucros imediatos que um empreendimento privado e é provavelmente mais propensa a aceitar um prazo maior para alcançar resultados positivos. Por outro lado, se conseguir estruturar uma cadeia confiável, gerar benefícios econômicos líquidos e promover melhorias sociais, a empresa obterá dividendos econômicos e políticos invejáveis. Mas esta é ainda uma questão em aberto.

O cenário atual do mercado de biodiesel no Brasil é mais um exemplo de que a ação pública é capaz de induzir o desenvolvimento industrial de forma bastante efetiva. No entanto, os problemas que podem limitar a expansão do biodiesel e a legitimidade do PNPB são importantes. Os mais críticos residem na grande dependência da soja e na baixa inclusão da agricultura familiar. Se esses problemas não forem minorados, a produção de biodiesel perderá grande parte de seu apelo e apoio social e político.

Com efeito, como legitimar um biocombustível com baixo rendimento por unidade de terra e que não cumpre com seu objetivo de inclusão social? A materialização de uma política de promoção dos biocombustíveis capaz de combinar critérios de justiça e de eficiência depende provavelmente do desenvolvimento de novos cultivares e do ritmo de aprendizagem dos diferentes atores envolvidos. Em outras palavras, a legitimidade do PNPB está relacionada em grande parte a investimentos em ciências e tecnologias e à institucionalização de mecanismos que possam induzir a cooperação e a formação de competências tanto individuais como coletivas.

(*) Professor do IM/UFRRJ, membro do Observatório de Políticas Públicas para Agricultura (OPPA/CPDA/UFRRJ), bolsista FAPERJ e pesquisador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Políticas Públicas, Estratégias e Desenvolvimento/INCT-PPED.

18 de jun. de 2010

Medalha de Bronze

Não bastasse a Alemanha perder a final da Copa de 2002 para o Brasil e perder pra Sérvia hoje na Copa da África, agora eles amargam outra derrota...muito mais saborosa para os vencedores!

Brasil, agora também o País da cerveja
Da Istoé Dinheiro
Um levantamento realizado pelo Instituto Nielsen trouxe um dado que surpreende pelo simbolismo: em números absolutos, os brasileiros já bebem mais cerveja do que os alemães - que durante anos carregaram a fama de beberrões. De acordo com o instituto, o consumo das geladas no Brasil cresceu 5% em 2009, atingindo a marca de 10,7 bilhões de litros. No ranking mundial, os brasileiros só perdem agora para chineses e americanos. O desempenho do setor foi puxado pelo aumento do consumo da classe C e pela entrada no mercado de novas embalagens, como a de um litro e as latinhas de 269 ml, menores do que o formato tradicional. No ranking das cervejarias, as líderes de sempre. A AmBev segue com folga na ponta, dona de 70% do mercado, seguida pela Schin (12%) e Petrópolis (9,5%).



Pra você cervejeiro,outra boa notícia:
Tá Nervoso?
Vai pescar?

Não!
Vai beber!

Duvida? Clique aqui.



Quando for desestressar me convide, kkkkk

6 de abr. de 2010

Azenha e os países do SUL

5 de abril de 2010 às 18:37 no Viomundo.com.br
A Globo, a Record e os chineses. Em Cabo Verde
por Luiz Carlos Azenha
Escrevo de Mindelo, a agradável cidade da ilha de São Vicente, uma das que formam Cabo Verde. Aproveito as férias na TV Record para acompanhar uma das equipes da revista Nova África, que segue daqui para São Tomé e Príncipe.
(Se você perdeu este capítulo, sou diretor editorial do programa, função que desempenho na condição de assalariado da Baboon Filmes — produtora paulista dos empresários Henry Ajl e Markus Bruno que ganhou uma concorrência pública competindo com empresas de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Brasília).
Estivemos em regiões remotas do país, que fica no meio do oceano Atlântico, entre a costa do Brasil e a África. Aqui teve início o processo de miscigenação entre europeus e africanos que resultou no tipo humano que é comum a Cabo Verde e ao Nordeste brasileiro. Mas isso fica para ser contado no programa.
Achei curioso que na lanhouse que uso neste momento a TV está ligada… na TV Record. Pelo que ouço (não consigo ver, só ouvir a TV), trata-se de um programa de João Cleber, em que ele apresenta pegadinhas e dá um prêmio de 500 euros aos telespectadores. Mais cedo, acompanhei a disputa entre os usuários da lanhouse pelo controle remoto: alguns queriam ver futebol europeu e outros a novela Paraíso Tropical, da Globo.
Em Cabo Verde a população fala crioulo (95% português, 5% palavras de idiomas africanos). O português como falamos no Brasil é coisa dos letrados.
A chegada do Brasil a Cabo Verde é razoavelmente recente: se aprofundou com a disseminação das antenas parabólicas e com o acesso à energia elétrica (grande parte dos moradores do país ainda não tem acesso à água, luz ou rede de saneamento básico).
Mais cedo, em um supermercado, o sistema de som reproduzia uma rádio local que tocou Roberto Carlos e, em seguida, Leandro e Leonardo. Mais cedo, em um café, ouvi uma guarânia cantada por uma dupla brasileira que não consegui identificar.
Na porta do supermercado, um grupo de imigrantes asiáticos, com os quais não consegui me comunicar, se agachou para fazer uma refeição rápida com o que acabara de comprar.
O comércio, quase todo, é dominado por chineses. Eles chegam com suas mercadorias baratas e, apesar do ressentimento de alguns, são saudados pelos caboverdianos pobres, que agora podem calçar toda a família e comprar os uniformes escolares.
Meu ponto é que aqui, em Cabo Verde, vejo imagens que já vi em outros países da África: nos espaços deixados vagos pelos Estados Unidos e a União Europeia, vão se construindo alianças formais e informais entre os “pobres”. Aqui, só dá Brasil e China.
Três caboverdianos estão neste momento bem diante da TV, hiptonizados pelo conteúdo inventado aí no Brasil. Isso não é necessariamente bom para eles. Pode ser comercial e culturamente interessante para nós.
Curiosamente, no dia anterior fiz uma viagem com um jornalista americano, de uma influente editora de Nova York. Como alguns de vocês sabem, vivi quase 20 anos nos Estados Unidos. Mas foi a primeira vez que constatei in loco o “deslocamento” cultural de um americano: um discurso repleto de clichês e uma imensa dificuldade de compreensão das mudanças à nossa volta.
Ele queria ver “a América” em Cabo Verde, talvez para se sentir reconhecido. Viu os chineses. E a TV brasileira.

5 de abr. de 2010

Miguel Carter: Reforma Agrária no Brasil é fundamental

Publicado em 5/04/2010 no Vermelho
O Vermelho busca instigar o debate a respeito da questão fundiária no Brasil, assim como denunciar a criminalização dos movimentos sociais. A mais recente matéria sobre o tema, Via Campesina e Contag denunciam documento da CNA aos candidatos, foi reproduzida, entre outros, na página oficial do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Investindo neste esforço, reproduzimos entrevista realizada pela Carta Capital com o professor mexicano Miguel Carter, estudioso da questão.
Professor da American University (EUA), Miguel Carter pesquisa há quase duas décadas os conflitos fundiários e a luta pela terra no Brasil. Nascido no México e criado no Paraguai, o cientista político percorreu mais de 160 mil quilômetros a bordo de um fusca preto pelos rincões do Brasil desde 1987, quando, ainda estudante, decidiu desbravar o interior com um mochilão nas costas. No início dos anos 90, já com uma bolsa de estudos da Columbia University, voltaria à rotina de viagens pelo país, desta vez com uma proposta de pesquisa mais elaborada, dedicada a lançar luzes sobre a questão fundiária brasileira. O pesquisador acaba de lançar um livro sobre o tema, Combatendo a Desigualdade Social – O MST e a reforma agrária no Brasil (Editora Unesp, 564 págs., R$ 65). Trata-se de uma coletânea de artigos escritos por renomados pesquisadores de universidades brasileiras, europeias e dos Estados Unidos, um trabalho que tem sido coordenado e organizado por Carter desde 2003. Na obra, Carter destaca a importância da reforma agrária para reduzir as desigualdades sociais e defende a necessidade- de o Estado investir em políticas de redistribuição de renda. “Os estudos compravam que, quando temos uma situação de extrema desigualdade, isso atrapalha o desenvolvimento econômico.”
CartaCapital: No Brasil, há quem defenda que o País precisa crescer antes de repartir suas riquezas. O senhor defende o inverso. Por quê?
Miguel Carter: O Banco Mundial e o Bando Interamericano de Desenvolvimento (BID) têm feito estudos importantes, inclusive com avaliações econométricas, comprovando que, quando temos uma situação de extrema desigualdade, isso atrapalha o desenvolvimento econômico. Quem não tem acesso ao crédito, à terra e à educação não tem condições de produzir nem consumir, e isso impede o PIB de crescer. Nancy Birdsall, do Center for Global Development, comparou o desempenho da economia brasileira com o da Coreia do Sul, país que, após a Segunda Guerra Mundial, promoveu uma reforma agrária radical. E, ao fazer uma simulação, constatou que a economia brasileira teria crescido 17,2% mais entre 1960 e 1985 se tivesse os níveis sul-coreanos de igualdade social. A disparidade de renda custou ao Brasil ao menos 0,66% do PIB todos os anos.
Carta Capital: O que há de errado com o modelo de desenvolvimento?
Miguel Carter: A questão central é o tipo de crescimento que estamos promovendo. De acordo com um relatório do Banco Mundial, o Brasil poderia reduzir a pobreza pela metade em dez anos com um crescimento de 3% e uma melhora do coeficiente Gini (indicador de desigualdade) de 5%. No entanto, o País levaria 30 anos para cumprir esse objetivo com os mesmos 3% de crescimento e nenhuma melhora na distribuição de renda.
Carta Capital: A reforma agrária é, de fato, capaz de reduzir as disparidades sociais?
Miguel Carter: Ela é fundamental. Não é o único instrumento. Tem vários outros, como política salarial, de previdência, educação... É o conjunto dessas políticas que pode mudar o quadro de extrema desigualdade. O Brasil melhorou a distribuição de renda, mas ainda é o décimo país mais desigual do mundo. A reforma agrária pode contribuir para a redistribuição das riquezas, além de evitar o êxodo rural e estimular o desenvolvimento local. O Brasil poderia seguir o exemplo de diversos países asiáticos, que há décadas fixaram limites para o tamanho da propriedade rural. Na Coreia do Sul, é de 3 hectares. No Japão, varia de 1 a 10 hectares, conforme o acesso à irrigação.
Carta Capital: A que se deve o atraso brasileiro em promover uma ampla reforma agrária?
Miguel Carter: O principal fator é o poder que tem a elite agrária no Brasil. Desde o tempo de Colônia, é um setor muito forte. Joaquim Nabuco e outros liberais já falavam em reforma agrária na época do Império, mas essa discussão sempre foi barrada. Getúlio Vargas, na década de 30, deu direitos aos trabalhadores urbanos, mas nem sequer permitiu a legalização dos sindicatos rurais. A classe camponesa foi a mais marginalizada e a que sofreu as piores repressões, nos diversos momentos autoritários.
Carta Capital: De que forma o governo favoreceu a elite agrária?
Miguel Carter: No regime militar, o governo decidiu investir no fortalecimento e na modernização da agricultura, com uma grande carga de subsídios. Até hoje o volume de gastos estatais com o chamado agronegócio é muito superior ao pago à agricultura familiar. Estima-se a existência de 22 mil grandes proprietários que receberam, entre 1995 e 2005, algo em torno de 58,2 bilhões de dólares do governo federal. Ao passo que mais de 6,1 milhões de camponeses receberam apenas 10,2 bilhões no mesmo período. Essa política de forte estímulo à agricultura empresarial, em detrimento dos pequenos produtores, é fruto da ditadura.
Carta Capital: O que explica o surgimento de um movimento como o MST nesse cenário desfavorável?
Miguel Carter: Após a redemocratização do País, criou-se um espaço para reivindicações, com maior liberdade de associação. É nesse contexto que surgem os movimentos sociais. No campo, o MST é o maior deles, o mais reconhecido. Mas a reforma agrária promovida nos últimos anos foi conservadora. Houve alguma redistribuição de terra, mas sempre após longos processos burocráticos e de forma residual. Não se redistribui terra pensando em mudar a estrutura agrária. E quase sempre isso ocorre em locais que não são de interesse da elite. Em áreas afastadas, na Amazônia, ou em pastagens não muito valorizadas.
Carta Capital: O que garantiu o êxito do MST?
Miguel Carter: O MST decidiu bem cedo criar um movimento nacional, com dinâmica de mobilização de massas. E conseguiu isso com um êxito sem precedentes na história do Brasil. Juntar 12 mil pessoas, em 17 dias, para uma marcha pelo País em 2005, é uma coisa inédita não apenas na história brasileira como do mundo inteiro. Além disso, o MST criou importantes estratégias. Articulou-se em rede, criou uma estrutura descentralizada, baseada em processos decisórios coletivos. Não existe reforma agrária sem o Estado, assim como é muito difícil o governo promovê-la sem que haja reivindicação, uma demanda organizada. E o MST surge para organizar essa demanda. O movimento contribui para a democratização do País.
Carta Capital: Por quê?
Miguel Carter: O MST vai aonde está a população mais pobre do Brasil e a convida para participar do movimento. O pessoal envolve-se nos acampamentos, aprende sobre os seus direitos, conhece a política do Brasil. Criam-se assim verdadeiras escolas de cidadania. As pessoas de fora entendem essa dinâmica melhor que vários intelectuais do Brasil, que veem uma ocupação de terra como um grande desrespeito ao Estado de Direito. Eles não entendem que a luta pela democratização implica choques desse tipo. Ás vezes é preciso violar certas leis em razão de um princípio maior. Os movimentos sociais não são inimigos, são arquitetos de uma nova ordem jurídica. O movimento operário, por exemplo, foi fundamental para a criação das atuais leis trabalhistas.
Carta Capital: E como o Judiciário se porta diante dessas demandas?
Miguel Carter: O Judiciário, de modo geral, é um grande obstáculo. Não porque as leis são as piores. A lei permite a reforma agrária. O problema é a interpretação. Em boa parte, isso tem relação com a origem de classe dos juízes. Muitos são filhos de grandes fazendeiros, frequentam os mesmos clubes. Também há a questão da formação, que enfatiza certos aspectos da lei, e não outros.
Carta Capital: A partir do governo FHC, há uma maior distribuição de terras no Brasil, ainda que sob a perspectiva de uma reforma agrária conservadora, como o senhor define. Há alguma diferença entre a política de FHC e a do governo Lula?
Miguel Carter: Comparados com os demais presidentes, eles distribuíram mais terra. Fernando Henrique, até pela conjuntura, o massacre de Eldorado dos Carajás, uma mobilização intensa, investiu nisso. Lula, de modo geral, mais ou menos manteve o que FHC fez. Eu tenho uma visão de reforma agrária mais restrita que a do Incra. Eu, por exemplo, excluo dos números da reforma agrária aquilo que é relacionado à regularização fundiária. Também não considero as áreas de reserva extrativista na Amazônia. Sou a favor, mas isso é um outro tipo de política. Excluindo esses dados, o número de assentamentos dos dois é muito semelhante.
Carta Capital: Não há nenhuma diferença?
Miguel Carter: Houve, no governo Lula, a criação de uma série de programas de apoio à reforma agrária, como acesso ao microcrédito, incremento do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar, aumento da eletrificação rural. Aumentaram os recursos para a agricultura familiar. Nesse sentido, Lula foi menos conservador do que FHC. Por outro lado, Lula assentou muito mais gente na Amazônia e no Norte do Brasil, repetindo um padrão de colonização da época da ditadura.
Carta Capital: O Brasil foi capaz de estancar a concentração de terras?
Miguel Carter: Essa reforma conservadora apenas reduziu o ritmo da concentração de terras, mas não foi capaz de desconcentrar nada. Para isso, seria necessária uma reforma progressista. Mas isso não está em pauta no governo. Está na pauta do MST e de alguns partidos de esquerda. No momento, infelizmente, a disputa é pela sobrevivência dessa reforma conservadora. Ou isso ou nada.
Fonte: Carta Capital

Lavando de jeito novo

27 de fev. de 2010

A Força dos "Pobres", Pobres?

Você emprestaria dinheiro pra pobre? E se fosse pobre e nordestino?

Dê uma espiada nesses links aqui ó:





Eis ai a Força do Mercado Interno!

24 de fev. de 2010

Imperialismo ou Entretenimento?

Vejam só, caros leitores (?) do nosso humilde blog, o nosso singelo endereço nessa infovia...

Será que os objetivos imperialistas de implantar bases norte-americanas na América do Sul, passam pela capacidade de convencimento da necessidade de tais políticas? Se for assim, o cinema tem papel fundamental...

Cidade do Paraná serve de cenário para filme de Hollywood
O longa Tríplice Fronteira, que falará sobre o grave problema que assola a região, o crime organizado, deverá ser rodado em Foz do Iguaçu
do Bonde.com.br

A diretora Kathryn Bigelow, indicada ao Oscar por 'Guerra ao Terror', escolheu a tríplice fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina como cenário de seu próximo filme, que deverá chamar justamente 'Tríplice Fronteira'. O longa, que terá como roteirista Mark Boal e falará sobre o grave problema que assola a região, o crime organizado, deverá ser rodado na cidade paranaense de Foz do Iguaçu. Astros como Sean Penn, Javier Bardem e Denzel Washington já foram cogitados para atuarem no filme segundo o New York Times.
Ou é só mais uma Teoria da Conspiração qualquer?

Pesquisar este blog

É Covardia!