Rodrigo Vianna: Artigo no “Estadão” expõe luta interna entre os tucanos
publicada domingo, 04/04/2010 às 22:34
por Rodrigo Vianna, em Escrevinhador
Já escrevi aqui que, na imprensa paulista, há uma divisão clara de tarefas: o “Estadão” fala por FHC, a “Folha” é a voz de Serra.
Dizem que a “Folha” faz até pesquisas para Serra… Mas não acredito. Deve ser maldade. Já bastam as manchetes e as fichas falsas em primeira página. Não seria preciso manipular pesquisa…
Quanto ao “Estadão”, os editores já nem disfarçam mais…
Nesse domingo, FHC estava por toda parte: na página 2, era dele um dos artigos, a pregar a união dos tucanos contra o “autoritarismo burocrático”; no caderno “Aliás”, era ele o entrevistado por uma tróica de intelectuais convidados; mas o mais engraçado estava na página A-7, na coluna de Dora Kramer!
Dora Kramer falou como porta-voz de FHC. Mandou recado. Durona, implacável, começou pelo título: “Gente Insolente”…
Calma! Dessa vez, ela não se referia aos “petistas”. Dora Kramer falava para o público interno, para o tucanato.
Em suma, a colunista disse que o PSDB só chegou ao poder graças à genialidade de FHC. E que agora trata o ex-presidente como um “cunhado que vive dando vexame”. Juro que a expressão é dela. Está no artigo que merece ser lido, como peça de humor.
Aqui, mais um aperitivo: “o tucanatinho [sic] acha que ele não fica bem na fotografia do vigoroso partido onde vicejam próceres cuja capacidade de distinguir credibilidade de popularidade é nenhuma”.
A Dora Kramer está com muita raiva. Isso é problema dela.
O interessante é que o artigo revela como estão os ânimos entre os tucanos.
O PSDB tirou FHC de cena. E ele está magoadão. Não aceita ser escanteado desse jeito.
FHC tem a tribuna do “Estadão” e vai usá-la. Para mandar recados – diretamente, ou através de seus colunistas.
O “Estadão” – como vocês devem saber – já não pertence à família Mesquita. Endividado, quase quebrou no fim dos anos 90. Hoje, vive sob intervenção de um comitê de credores, dominado pelos bancos.
Vocês sabem, também, que as relações de FHC com os bancos são muito boas. Há quem diga que o “Estadão” é hoje, praticamente, propriedade de FHC.
Talvez seja apenas uma metáfora.
Quanto ao artigo de Dora Kramer, ali não há sutileza nem metáfota. É pau puro nos tucanos. É fogo amigo, como se vê em mais esse trecho: ”
“Esse pessoal [tucanato serrista] lê umas pesquisas, ouve um boboca de um analista, se assusta com os arreganhos de meia dúzia de adversários e acha que isso os autoriza a jogar no lixo o respeito devido a quem permitiu que o partido iniciasse sua trajetória de vida pela rampa do Palácio do Planalto. Para não falar dos comprovados serviços prestados ao país, que em nações civilizadas costumam ser patrimônio preservado.
Lula perdeu três eleições presidenciais, foi muito criticado no PT, mas nos momentos difíceis nunca se viu movimento orquestrado para escondê-lo, tirá-lo de cena como se fosse um criminoso ou portador de doença contagiosa grave.
Se é sobre esse tipo de caráter que o candidato José Serra falou quando se referiu a brio, índole e solidariedade em seu discurso de despedida do governo de São Paulo, há incoerência no conceito.”
FHC está feliz com Serra? O que vocês acham?
O artigo de Dora Cardoso, digo, Kramer pode ser lido aqui – http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=989260&tit=Gente-insolente
publicada domingo, 04/04/2010 às 22:34
por Rodrigo Vianna, em Escrevinhador
Já escrevi aqui que, na imprensa paulista, há uma divisão clara de tarefas: o “Estadão” fala por FHC, a “Folha” é a voz de Serra.
Dizem que a “Folha” faz até pesquisas para Serra… Mas não acredito. Deve ser maldade. Já bastam as manchetes e as fichas falsas em primeira página. Não seria preciso manipular pesquisa…
Quanto ao “Estadão”, os editores já nem disfarçam mais…
Nesse domingo, FHC estava por toda parte: na página 2, era dele um dos artigos, a pregar a união dos tucanos contra o “autoritarismo burocrático”; no caderno “Aliás”, era ele o entrevistado por uma tróica de intelectuais convidados; mas o mais engraçado estava na página A-7, na coluna de Dora Kramer!
Dora Kramer falou como porta-voz de FHC. Mandou recado. Durona, implacável, começou pelo título: “Gente Insolente”…
Calma! Dessa vez, ela não se referia aos “petistas”. Dora Kramer falava para o público interno, para o tucanato.
Em suma, a colunista disse que o PSDB só chegou ao poder graças à genialidade de FHC. E que agora trata o ex-presidente como um “cunhado que vive dando vexame”. Juro que a expressão é dela. Está no artigo que merece ser lido, como peça de humor.
Aqui, mais um aperitivo: “o tucanatinho [sic] acha que ele não fica bem na fotografia do vigoroso partido onde vicejam próceres cuja capacidade de distinguir credibilidade de popularidade é nenhuma”.
A Dora Kramer está com muita raiva. Isso é problema dela.
O interessante é que o artigo revela como estão os ânimos entre os tucanos.
O PSDB tirou FHC de cena. E ele está magoadão. Não aceita ser escanteado desse jeito.
FHC tem a tribuna do “Estadão” e vai usá-la. Para mandar recados – diretamente, ou através de seus colunistas.
O “Estadão” – como vocês devem saber – já não pertence à família Mesquita. Endividado, quase quebrou no fim dos anos 90. Hoje, vive sob intervenção de um comitê de credores, dominado pelos bancos.
Vocês sabem, também, que as relações de FHC com os bancos são muito boas. Há quem diga que o “Estadão” é hoje, praticamente, propriedade de FHC.
Talvez seja apenas uma metáfora.
Quanto ao artigo de Dora Kramer, ali não há sutileza nem metáfota. É pau puro nos tucanos. É fogo amigo, como se vê em mais esse trecho: ”
“Esse pessoal [tucanato serrista] lê umas pesquisas, ouve um boboca de um analista, se assusta com os arreganhos de meia dúzia de adversários e acha que isso os autoriza a jogar no lixo o respeito devido a quem permitiu que o partido iniciasse sua trajetória de vida pela rampa do Palácio do Planalto. Para não falar dos comprovados serviços prestados ao país, que em nações civilizadas costumam ser patrimônio preservado.
Lula perdeu três eleições presidenciais, foi muito criticado no PT, mas nos momentos difíceis nunca se viu movimento orquestrado para escondê-lo, tirá-lo de cena como se fosse um criminoso ou portador de doença contagiosa grave.
Se é sobre esse tipo de caráter que o candidato José Serra falou quando se referiu a brio, índole e solidariedade em seu discurso de despedida do governo de São Paulo, há incoerência no conceito.”
FHC está feliz com Serra? O que vocês acham?
O artigo de Dora Cardoso, digo, Kramer pode ser lido aqui – http://www.gazetadopovo.com.br/colunistas/conteudo.phtml?tl=1&id=989260&tit=Gente-insolente
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